Sonhos com carros - o que significam?

Por Daniel Nunes em 14/06/2018

Antes de falar do tema deste artigo, quero esclarecer um ponto muito importante – Eu não estou criando um ítem para algum dicionário de sonhos. Me perdoem aqueles que os utilizam, mas eu, depois de ter estudado tanto a psicologia junguiana, considero no mínimo leviana esta forma de se abordar um sonho. O que quero aqui é oferecer algumas ferramentas para que o leitor possa, dentro das suas possibilidades, realizar algum trabalho com seu sonho no sentido de captar algo de seu sentido ou significado.
Bem.. os sonhos são produtos do inconsciente, e como tal revelam algo da condição interna do sonhador. Existem alguns elementos em sonhos que costumam representar alguma parte ou condição de nossa estrutura psíquica. Mas para que possamos extrair seu sentido, precisamos fazer o que Jung denominou de “ampliação” do sonho. O que isso significa? Significa que, como no caso do presente artigo, não basta sabermos o que significa um carro em um dicionário, ou mesmo na teoria junguiana.. a ampliação se dá quando primeiro exploramos as associações do sonhador – Qual é o carro? Qual sua cor? Há alguma recordação ligada a este carro? Quem dirigia? Qual o sentimento do sonhador? Para onde estava indo o carro? Era dia ou noite? E muito mais perguntas que possam surgir a partir do sonho.
E agora?! O que fazer com tudo isso?!
Vamos lá então – quando um carro surge em um sonho geralmente ele está simbolizando a forma como a pessoa está conduzindo sua energia (em última instância, sua vida, ou algum aspecto de sua vida). Vejam que isso é algo abrangente. Esta compreensão funciona como um norte, mas é a ampliação que nos dará coordenadas mais precisas. Vou dar um exemplo fictício para que o leitor possa entender melhor.
Alguém sonha que está em um carro com seu pai. O carro está percorrendo uma estrada cheia de buracos e o carro, que anda em alta velocidade, acaba perdendo o controle e cai em um desfiladeiro.

 

Ao fazer as perguntas, descobrimos que quem dirigia o carro era o pai e que este carro era o carro que o pai possuía quando o sonhador era criança.
Bem.. agora é que entra a parte mais complexa. Como usar estas informações? Vamos lá então – o carro está despencando em um desfiladeiro – isto é uma indicação de que a forma com que a pessoa está conduzindo sua energia não está sendo de forma alguma salutar – e aqui quero fazer um parênteses – as pessoas tem uma péssima tendência a serem fatalistas ou catastróficas, o que não auxilia de modo algum na leitura de sonhos. O sonho não está dizendo que a pessoa irá morrer, mas apenas que não está conduzindo sua energia ou sua vida da melhor forma.
Mas agora é que vem o detalhe mais importante. Quem dirige o carro é o pai e o carro era dele quando o sonhador era criança. Ao observarmos as escolhas que o sonhador faz para sua vida, percebemos que a relação com o pai foi determinante para isso, mas que isso afastou o sonhador de sua própria natureza e ele passou a percorrer na vida um caminho que não lhe traz uma verdadeira satisfação. O sonhador segue um caminho determinado pela relação com o pai – por exemplo, um pai que o fez se sentir indefeso ou fraco fez com que ele buscasse meios de se tornar alguém agressivo, ou mesmo que o sonhador buscasse se tornar alguém importante para dar uma resposta ao sentimento de inferioridade. Uma compreensão como essa pode auxiliar a pessoa a reconhecer alguns comportamentos que estão sujeitos a trazer problemas em sua vida pessoal ou profissional. Este reconhecimento pode servir como combustível para uma mudança interior, que trará a esta pessoa uma nova forma de se viver a vida, mais afinada com sua natureza.
É claro que esse tipo de compreensão não é simples de ser atingida, mas aqui eu imagino que o leitor pode compreender a diferença que existe nesta abordagem de sonhos da que se tem em dicionários. Mas é isso aí – quem estiver disposto a fazer um trabalho genuíno terá que realizar algum esforço – abordagem de sonho não é entretenimento!
Sei que este artigo deixa muitas frestas abertas sem dar-lhes a devida atenção, mas não há aqui espaço para um trabalho maior. Peço ao leitor que faça um esforço para encontrar essas ligações em seus sonhos. O simples fato de mantermo-nos ligados aos sonhos já tem um efeito salutar em nosso psiquismo e muitas vezes, sem que percebamos, ouvimos o seu chamado.

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