Citações Junguianas II

Por Daniel Nunes em 31/05/2003

JUNG, Carl Gustav. O Eu e o Inconsciente. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1978.

os sonhos contêm imagens e associações de pensamentos que não criamos através da intenção consciente. Eles aparecem de modo espontâneo, sem nossa intervenção e revelam uma atividade psíquica alheia à nossa vontade arbitrária. O sonho é portanto um produto natural e altamente objetivo da psique, do qual podemos esperar indicações ou pelo menos pistas de certas tendências básicas do processo psíquico

Assim pois podemos esperar que os sonhos nos forneçam certos indícios sobre a causalidade objetiva e sobre as tendências objetivas, pois são verdadeiros auto-retratos do processo psíquico em curso

Persona
A construção de uma persona coletivamente adequada significa uma considerável concessão ao mundo exterior, um verdadeiro auto-sacrifício, que força o eu a identificar-se com a persona

quem constrói uma persona boa demais sofrerá crises de irritabilidade

A persona é um complicado sistema de relação entre a consciência individual e a sociedade; é uma espécie de máscara destinada, por um lado, a produzir um determinado efeito sobre os outros e por outro lado a ocultar a verdadeira natureza do indivíduo

A repressão é um processo que se inicia na primeira infância sob a influência moral do ambiente, perdurando através de toda a vida

Inconsciente pessoal. Os materiais contidos nesta camada são de natureza pessoal porque se caracterizam, em parte, por aquisições derivadas da vida individual e em parte por fatores psicológicos, que também poderiam ser conscientes. É fácil compreender que elementos psicológicos incompatíveis são submetidos à repressão, tornando-se por isso inconscientes; mas por outro lado, há sempre a possibilidade de tornar conscientes os conteúdos reprimidos e mantê-los na consciência, uma vez que tenham sido reconhecidos.

Os conteúdos inconscientes são de natureza pessoal quando podemos reconhecer em nosso passado seus efeitos, sua manifestação parcial, ou ainda sua origem específica. São partes integrantes da personalidade, pertencem a seu inventário e sua perda produziria na consciência, de um modo ou de outro, uma inferioridade. A natureza desta inferioridade … seria a de uma omissão que geraria um ressentimento moral. O sentimento de uma inferioridade moral indica sempre que o elemento ausente é algo que não deveria faltar em relação ao sentimento ou, em outras palavras, representa algo que deveria ser conscientizado se nos déssemos a esse trabalho. O sentimento de inferioridade moral não provém de uma colisão com a lei moral geralmente aceita e de certo modo arbitrário, mas de um conflito com o próprio si-mesmo que, por razões de equilíbrio psíquico, exige que o deficit seja compensado. Sempre que se manifesta um sentimento de inferioridade moral, aparece a necessidade de assimilar uma parte do inconsciente e também a possibilidade de fazê-lo. Afinal são as qualidades morais de um ser humano que o obrigam a assimilar seu si-mesmo inconsciente, mantendo-se consciente, quer pelo reconhecimento da necessidade de fazê-lo, quer indiretamente, através de uma penosa neurose. Quem progredir no caminho da realização do si-mesmo inconsciente trará inevitavelmente à consciência conteúdos do inconsciente pessoal, ampliando o âmbito de sua personalidade. Poderia acrescentar que esta “ampliação” se refere, em primeiro lugar à consciência moral, ao autoconhecimento, pois os conteúdos do inconsciente liberados e conscientizados pela análise são em geral desagradáveis e por isso mesmo foram reprimidos. Figuram entre eles desejos, lembranças, tendências, planos, etc.

É muito interessante observar como à vezes os sonhos fazem emergir os pontos essenciais, um a um, em perfeita ordem.

A análise e a transformação dos conteúdos inconscientes engendra uma espécie de tolerância superior, graças à qual as partes relativamente indigestas da caracterologia inconsciente podem ser aceitas … a compreensão mais profunda obtida desse modo … dá lugar a um sentimento de superioridade que pode muito bem expressar-se como “semelhança a Deus”

Inconsciente pessoal
inconsciente pessoal. Os materiais contidos nesta camada são de natureza pessoal porque se caracterizam, em parte, por aquisições derivadas da vida individual e em parte por fatores psicológicos, que também poderiam ser conscientes. É fácil compreender que elementos psicológicos incompatíveis são submetidos à repressão, tornando-se por isso inconscientes; mas por outro lado, há sempre a possibilidade de tornar conscientes os conteúdos reprimidos e mantê-los na consciência, uma vez que tenham sido reconhecidos

EGO
Poderá sentir-se como um Prometeu acorrentado no Cáucaso, ou como um crucificado. Isto representaria uma “semelhança a Deus” no sofrimento.

tímido! Quanto mais se retira e se esconde, tento maior se torna o desejo secreto de ser compreendido e reconhecido. Embora fale de sua inferioridade, no fundo não acredita nela. Brota de seu íntimo uma convicção obstinada de seus méritos não reconhecidos e isto o torna vulnerável à menor aprovação … Deste modo vai alimentando um orgulho mórbido e um descontentamento arrogante

Assim, pois, encaro a perda de equilíbrio como algo adequado, pois substitui uma consciência falha pela atividade automática e instintiva do inconsciente, que sempre visa a criação de um novo equilíbrio. Tal meta será alcançada sempre que a consciência for capaz de assimilar os conteúdos produzidos pelo inconsciente, isto é, quando puder compreendê-los e digeri-los

Só podemos libertar a libido do inconsciente, permitindo que aflorem as imagens da fantasia que lhe correspondem .. devemos dar ao inconsciente a ocasião de trazer suas fantasias à superfície.

Algo atua por trás do véu das imagens fantásticas, quer lhe atribuamos um nome bom ou mau. Trata-se de algo verdadeiro, razão pela qual suas exteriorizações vitais devem ser tomadas a sério.

Mediante a conscientização da fantasia, esta não pode processar-se no nível inconsciente … A contínua conscientização das fantasias, com a participação ativa nos acontecimentos que se desenrolam no plano fantástico, tem várias consequências, como pude observar num grande número de casos.. em primeiro lugar, h´a uma ampliação da consciência, pois inúmeros conteúdos inconscientes são trazidos à consciência. Em segundo lugar, há uma diminuição gradual da influência dominante do inconsciente; em terceiro lugar, verifica-se uma transformação da personalidade..

a conscientização vivência das fantasias determinam a assimilação das funções inferiores e inconscientes à consciência, causando efeitos profundos sobre a atitude consciente.

tímido… quanto mais se retira e se esconde, tanto maior se torna o desejo secreto de ser compreendido e reconhecido. Embora fale de sua inferioridade, no fundo não acredita nela. Brota em seu íntimo uma convicção obstinada de seus méritos não reconhecidos e esto o torna vulnerável à menor desaprovação … deste modo, vai alimentando um orgulho mórbido e um descontentamento arrogante, cuja existência nega por todos os meios, mas pelos quais aqueles que o cercam têm que pagar muito caro.

nossa psique consciente e pessoal repousa sobre a ampla base de uma disposição psíquica herdada e universal, cuja natureza é inconsciente

Do mesmo modo que o indivíduo não é apenas um ser singular e separado, mas também um ser social, a psique humana também não é algo de isolado e totalmente individual, mas também um fenômeno coletivo … a psique coletiva compreende as partes inferiores das funções psíquicas, esto é, a parte solidamente fundada, herdada e que, por assim dizer, funciona automaticamente, sempre presente ao nível impessoal ou suprapessoal da psique individual. Quanto ao consciente e inconsciente pessoais, podemos dizer que constituem as partes superiores das funções psíquicas, esto é, a parte adquirida e desenvolvida ontogeneticamente.

237 Na psique coletiva abrigam-se todas as virtudes específicas e todos os vícios da humanidade e todas as outras coisas. Alguns se apropriam da virtude coletiva como de um mérito pessoal, outros encaram o vício coletivo como uma culpa que lhes cabe.

237 queremos ser bons e portanto devemos reprimir o mal; e com isso, o paraíso da psique coletiva chega ao fim.

241 Os instintos coletivos, as formas fundamentais do pensamento e do sentimento humanos, cuja atividade é revelada pela análise do inconsciente, representam uma aquisição que a personalidade consciente não pode assimilar sem um transtorno considerável. Por isso, no tratamento prático é da maior importância ter sempre em mente a integridade da personalidade. Se a psique coletiva for tomada como um patrimônio pessoal do indivíduo, disso resultará uma distorção ou uma sobrecarga da personalidade, difícil de dominar. Por conseguinte é absolutamente necessário distinguir os conteúdos pessoais dos conteúdos da psique coletiva. Tal distinção não é fácil, uma vez que o elemento pessoal procede da psique coletiva, à qual está intimamente ligado.

241 Todos os instintos básicos e formas fundamentais do pensamento e doo sentimento são coletivos. Tudo o que os homens concordam em considerar como geral é coletivo, sendo também coletivo o que todos compreendem o que existe, o que todos dizem e fazem.

242 O homem possui uma faculdade muito valiosa para os propósitos coletivos, mas extremamente nociva para a individuação: sua tendência à imitação.

individuação é um processo de diferenciação que tem por meta o desenvolvimento da personalidade individual. Assim como o indivíduo não é um ser isolado mas supõe uma relação coletiva com a existência, do mesmo modo o processo de individuação não leva ao isolamento, mas a um relacionamento coletivo mais intenso

 

PERERA, Sylvia Brinton. O Complexo de Bode Expiatório. rumo a uma mitologia da sombra e da culpa. 10. ed. São Paulo: Cultrix, 1998.

15 O sacrifício hebreu do bode expiatório, descrito na Bíblia, constituía parte central no ritual do Yom Kippur, o Dia do Perdão.

15 Nas cerimônias expiatórias, o mal é magicamente transferido para outros indivíduos, animais, plantas ou objetos inanimados. É tratado concretamente, como uma enfermidade transmissível, capaz de ser transferida para um objeto material que, desse modo, torna-se – no nível concreto e literal da consciência mágica – uma poluição concreta, passível de ser eliminada.

16 Na época em que o ritual hebraico assumiu sua forma bílica, o ego individual encontrava-se, ainda, imerso no coletivo, enquanto os costumes coletivos estavam apenas em processo de codificação. Essa lei, mais do que a consciência individual, representava a fonte dos ditames restritivos. Era considerada a dádiva sagrada de um Deus único e patriarcal, definido como bom e identificado com a unidade e a perfeição de Seu Povo Escolhido. Nessas condições, a restauração de um sentido de totalidade, a restauração de um sentido de congruência entre o homem e Deus, dependia de uma separação ritual capaz de promover a consciência do mal através de uma confissão coletiva e do sacrifício. O ritual do boje expiatório foi, assim, adaptado de ritos mais antigos: um, destinado a exorcizar enfermidades oferecendo-se um sacrifício ao deus-bode dos pastores semitas; outro, a anual morte cerimonial de um ser humano, sacrificado para purificar e renovar a comunidade. O ritual hebraico tornou-se um meio de purgar o mal e ensinar a sensibilidade ética. Fazia parte das festividades do Ano Novo.

17 O aspecto expiatório do ritual do Ano Novo foi redefinido pelos Hebreus… O Deus de Abraão e Moisés opunha-se a essas formas de renovação… Jeová reclamava a expiação ordenada dos elementos negativos.. Atribuindo esses elementos ao bode expiatório, o sentimento de culpa pelo desvio do estado de unicidade com o coletivo, e seus valores comuns e sagrados, era purgado. Os membros da comunidade podiam colocar-se novamente como purificados e unidos entre si, sentindo-se abençoados por Deus.

22 Há, no rito original hebraico, dois bodes e duas forças transpessoais. Há, também, o sumo sacerdote de Jeová, que representa um agente temporariamente consagrado do coletivo, mediador entre os mundos divino e humano.

23 Um dos bodes é oferecido à Jeová para que Ele perdoe Israel. É sacrificado como uma oferenda pelos pecados, de modo que seu sangue possa purificar e sacralizar o santuário, o tabernáculo e o altar; o temelos ritual. Seu sangue aplacará o deus irado, expiando “a impureza dos filhos de Israel por todas as suas transgressões e pecados”. O outro bode, o bode expulso ou evadido, é dedicado a Azazel, um deus ctônico, posteriormente considerado um anjo decaído pelos hebreus. Com as mãos sobre a cabeça do bode, o sumo sacerdote confessa “todas as faltas dos filhos de Israel; todas as suas transgressões e pecados, depositando-os no bode” Esse bode vivo é, então, retirado do acampamento e mandado para o deserto – “e levará o bode, consigo, todas as culpas dos israelitas para uma região deserta”.

23 O sangue da vítima imolada redime e purifica. É a energia dos instintos sacralizada, a fim de conquistar-se um novo vínculo com o espírito; a fim de reconciliar a comunidade arrependida com o seu Deus e com os ideais sagrados que criaram e mantiveram a cultura hebraica.
23 O errante bode exilado remove a nódoa da culpa. Enquanto o portador do pecado, ele carrega os males confessados sobre sua cabeça para longe do espaço da consciência coletiva. O bode errante representa tudo aquilo que acarreta culpa, sendo, portanto, rejeitado e reprimido pelo código hebraico: as energias e necessidades instintivas que ameaçam o desenvolvimento humano aos olhos de Deus> a energia dos impulsos descontrolados, particularmente a sexualidade, a rebeldia, a agressão e a cobiça – atributos projetados sobre Azazel.

24 considero, atualmente, a psicologia dos indivíduos identificados com o complexo de bode expiatório em nossos dias como a manifestação de uma distorção patológica da estrutura arquetípica do ritual hebraico.

24 perda de conexão consciente com a matriz sagrada de onde provém o fluxo curativo e renovador.

25 Originalmente Azazel era um deus-bode dos pastores pré-hebraicos. Mesmo no ritual bíblico, ele não representa um opositor de Jeová, mas sim um estágio na repressão de uma divindade da natureza anterior a Jeová. Estava relacionado com a beleza feminina e sensual, bem como com as religiões naturais.

26 a libido, causadora de culpa, era remetida à sua fonte transpessoal. Assim eles enviavam ao deus ctônico no ritual conscientemente e em reverência, aqueles pecados com os quais o homem não poderia arcar.

26 Progressivamente Azazel passou a carregar a projeção de uma face de Jeová… passou a carregar o exagero defensivo da própria reação de Jeová contra o mundo do feminino e dos deuses pré-hebraicos da natureza. Tornou-se ele próprio, o bode expiatório de Jeová, sendo redefinido como um anjo rebelde, simplificado, colocado coo opositor e negativo, a fim de expungir a sombra de Jeová. O antigo deus foi transformado em demônio.
A imagem de Azazel modificou-se à medida que a ruptura entre o bom Deus e o demônio tornou-se mais profunda.

27 Assim, Azazel passou a ocupar, psicologicamente, o lugar do juiz arrogantemente puro, condenador e hipercrítico, que mantém o homem preso a um padrão de comportamento impossível de ser alcançado, uma vez que as forças instintivas irrompem em sua frágil disciplina. É um padrão que não leva em conta os fatos da vida e o envolvimento do homem pela natureza.

27 Enquanto acusador do homem, representa a Justiça divina dissociada da Piedade divina. Transforma-se no portador do mal da ira divina.
27 Tornou-se o acusador arrogante e condenador, defensor de uma moral de imperativos dogmáticos e perfeccionistas, o diabólico destruidor dos que transgridem a Lei de Jeová. É esta distorção, exageradamente parcial e sádica, da divindade ctônica, original, que transforma Azazel num acusador; um perseguidor de bodes expiatórios na psicologia de homens e mulheres da atualidade; o antilibidinoso superego em sua forma sádica. o puro despreza.
27-28 Nos indivíduos identificados com o complexo de bode expiatório, este acusador é constelado pela rejeição na família. Essa rejeição se origina nos julgamentos morais da mãe ou do pai, relacionados, assim como no Azazel Hebraico, com o modo como as coisas deveriam ser e não como elas são.
27 Quando a consciência se identifica com a parcela do complexo existente no acusador, o indivíduo passa a acusar os outros, exercendo um tráfico de virtudes e probidade superiores. Quando a consciência identifica-se tanto com a vítima como com o perseguidor demoníaco, esse acusador constantemente rejeita, enculpa e desqualifica as atitudes e ações do outro que, por sua vez, aceita, de forma masoquista, a rejeição.

41 A identificação com o papel de bode expiatório acarreta a inibição de determinados aspectos de desenvolvimento egoico na fase oral. Posteriormente, os arquétipos do desenvolvimento egoico são desviados em direção à vítima alienada, fragmentária e passiva, bem como aos papéis compensatórios do servo sofredor e do salvador. As energias instintivas não são dominadas e nem tampouco integradas; permanecem dissociadas, explosivas e amedrontadoras. A inabilidade do bode expiatório adulto em desenvolver uma identidade e uma autoconfiança próprias deve-se ao fato de ter sido sobrecarregado, desde muito cedo, com aqueles elementos desvalorizados, negativos, reprimidos e dissociados pelos pais, que, em primeira instância, representam o coletivo.

41 A família do indivíduo identificado com o bode expiatório geralmente se preocupa bastante com os aspectos externos da moral coletiva, a ponto de necessitar purgar-se, como se seus membros estivessem na incumbência de defender algum esforço ancestral o social em ser bem ou, ao meno, em parecer bom.

42 Os pais, ou outros, que escolhem um bode expiatório nessa forma moderna e inconsciente, são também, obviamente, vítimas do mesmo complexo. A identidade de eu ego, porém, frequentemente está mais próxima daquelas partes do complexo que classifiquei como o acusador demoníaco e o sacerdote. Eles tendem a ter modelos muito fortes de superego e normalmente lutam por desempenhar funções de pilares da sociedade: religiosos, médicos, professores, políticos e psicólogos. Eles têm um interesse agressivo, travestido numa imagem da persona adequada aos padrões coletivos de virtude e boas maneiras, pois sua identidade depende, em última análise, da aprovação coletiva e externa. Mas mostram-se capazes de angariar o suficiente dessa aprovação para continuarem inconscientes em relação aos aspectos de si mesmos que não mereceriam a mesma aprovação. Sua negação da sombra pessoal dissocia-os das próprias profundezas instintivas e da sua individualidade, tornando-os frágeis e defensivos. Outros, incluindo seus filhos, conseguem detectar sua fragilidade e sua sombra renegada, podendo reagir com um excesso de proteção ou atacando sua hipocrisia.

43 Os perseguidores parecem possuir um medo profundo de confrontar seu próprio desamparo fundamental perante a vida.

43 Na maior parte dos casos, o pai ou mãe perseguidor recebe a expressão dos impulsos da criança de maneira tão defensiva e impessoal que esta percebe o perigo que esses impulsos representam para o adulto – e, portanto, para ela mesma também. O material da sombra não pode, em tais circunstâncias, ter uma mediação humana.

44 O adulto identificado com o bode expiatório, normalmente, e por natureza, especialmente sensíveis às tendências ocultas inconscientes e emocionais, frequentemente envolvido numa profissão prestativa, foi a criança que absorveu e arcou com a sombra familiar

45 Tais vínculos dificultam as expressões de hostilidade, não apenas em função do perigo de uma retaliação defensiva abrupta, como também em rezão da sombra dependente dos pais ter estado e continuar presente, em muitos casos de forma palpável, no adulto/criança.

45 Os indivíduos identificados com o papel de B Ex são aqueles que habitualmente adquiriram esta má consciência, perceberam a sombra negada e sentiram-se responsáveis por ela. Tornaram-se hipersensíveis às questões éticas e emocionais, aceitando o papel de pessoas dedicadas, com empatia e atenção, alimentando as qualidades sombrias nos outros.

46 Em ambos os casos, o indivíduo chega à terapia com a autoimagem de um criminoso, de um inválido, de um pária, de um leproso ou de um ser esquisito. Fundamental nisso tudo é o sentido de isolamento e culpa – uma terrível antecipação de personalidade assentada sobre a condição do rejeitado, do exilado.

12 O fenômeno de Bode Expiatório, em sua manifestação usual, consiste em encontrar-se o indivíduo capaz de ser identificado com algum mal e responsabilizá-lo por isso a fim de proporcionar, aos membros remanescentes, um sentimento de inculpabilidade e de reconciliação com os padrões coletivos de comportamento.
13 Em termos junguianos, o bode expiatório é um recurso de negação da sombra, tanto do homem como de Deus. Aquilo que é percebido como impróprio a conformar-se ao ego ideal ou à perfeita benignidade de Deus, é reprimido e negado, ou desmantelado e tornado inconsciente. O acusador sente-se aliviado e mais leve, sem aquele fardo que seria inaceitável ao seu ego ideal: sem a sombra.
13 Os que são identificados com o bode expiatório, em contrapartida, identificam-se com as qualidades da sombra. Sentem-se inferiores, rejeitados e culpados.
61-62 Na fenomenologia do complexo de bode expiatório, as forças e a reatividade do indivíduo são sentidas como as causas de sua dor, fazendo-o um espécimen de bode especialmente escolhido para o sacrifício Chega-se, assim, à curiosa lógica de que toda a dor é uma punição; de que toda dor é merecida, pela capacidade de o indivíduo assimilar a sombra projetada.

 

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